Contributo de Fernando Venâncio:

Lembro-me, tinha seis anos morava na rua Mouzinho de Albuquerque ao pé do posto da guarda e o trânsito passava por aí. Eu estava em casa e vi passar os chaimites em fila indiana, parecia um terramoto. Espreitei pela janela, eram seis da manhã, iam a caminho de Lisboa.

Contributo de João Manuel Costa Caetano:
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Caros amigos, para muitos foi bom, e até compreendo essa felicidade.--Porém para mim nem tanto, pois nesse dia estava em Moçambique.--Esse, acontecimento feliz para muitos, para mim foi trágico.--Em 1977, não suportando mais a situação que se vivia, fui obrigado a abandonar tudo o que era meu por direito, fruto do meu trabalho.---Por ter sobrenome Caetano era chamado de fascista, familiar do antigo 1º ministro.--Fui para Moçambique como militar, em 1961, acabada a tropa, em 1964, concorri ao caminho de ferro de Moçambique , acabando por lá casar, e ter dois filhos rapazes.--Era feliz e nunca fiz mal a ninguém.--Cheguei ao aeroporto de Lisboa, com a família, com a roupa no corpo.--Valeu-me, o meu querido irmão, Fernando Caetano, (já falecido) e nos levou para sua casa.--Não fora isso, teria de dormir no aeroporto, esperando ajuda doutrem que nunca chegou.--Fui colocado numa pensão em Cascais, por conta do IARNE, porem 6 meses depois essa ajuda foi cancelada.--Felizmente fui à luta, com determinação, e venci, com muitos altos e baixos, mas sempre em frente.--Era funcionário do estado do quadro privativo.--Não fui integrado, e apenas com 38 anos me aposentaram.--Atualmente recebo do estado por mês, uma pensão para morrer de fome, não fora ter conseguido, outra via, para sustentar a família--Teria muito mais para contar, o texto já vai longo.--Por tudo isto e muita mais, me desculpem, a abrilada como eu lhe chamo, não me diz nada.--Contudo sempre acrescento, sem ofender.--Sempre gozei de plena liberdade, só não podia chamar nomes feios ao regime, mas isso não me tirava o pão.--Fico por aqui, com muitos cumprimentos, e muita admiração pelo vosso trabalho.--Saudações Cartaxeiras e obrigado
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No dia 27 de Abril de 1974, 2 dias depois da Revolução dos Cravos ter acontecido em Lisboa, o Cartaxo foi também palco de acontecimentos de tensão, que importa ficarem registados na história.

Nesse dia, um grupo de soldados do Movimento das Forças Armadas, saíram, tal como no dia da revolução, da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, com o objectivo de ocuparem e desmantelarem a sede concelhia da Acção Nacional Popular (União Nacional até 1970), que funcionava no edifício vulgarmente conhecido por "Ferro de Engomar".

Esta operação, que contou com o apoio de um tanque de guerra, levou à rendição daquela sede, tendo sido detidos alguns membros do partido único do Estado Novo, retiradas armas, fardas e outro material. De referir que naturalmente, todas estas movimentações foram acompanhadas atenta e entusiasticamente pela população da vila, que manifestavam abertamente o seu apoio aos soldados do MFA. Não podemos deixar de observar os paralelismos com os acontecimentos de Lisboa, não sendo exagero que aqui aconteceu de certa forma, o "25 de Abril do Cartaxo".

Refira-se, para registo, que a sede concelhia da Legião Portuguesa funcionava, por sua vez, num edifício no Largo de São João Baptista.

-- Contributo de Telmo Monteiro